Produzimos uma Cultura de Devastação.
Todos os anos exterminamos comunidades indígenas, milhares de hectares de florestas e até inúmeras palavras das nossas línguas.
A cada minuto extinguimos uma espécie de aves e alguém em algum lugar recôndito contempla pela última vez na Terra uma determinada flor.
Konrad Lorenz não se enganou ao dizer que somos o elo perdido entre o macaco e o ser humano.
Somos isso, uma espécie que gira sem encontrar o seu horizonte, um projeto por concluir.
Falou-se bastante ultimamente do genoma e, ao que parece, a única coisa que nos distancia na realidade dos animais é a nossa capacidade de esperança.
Produzimos uma cultura de devastação baseada muitas vezes no engano da superioridade das raças, dos deuses, e sustentada pela desumanidade do poder económico.
Sempre me pareceu incrível que uma sociedade tão pragmática como a ocidental tenha deificado coisas abstractas como esse papel chamado dinheiro e uma cadeia de imagens efémeras.
Devemos fortalecer, como tantas vezes disse, a tribo da sensibilidade...
A Tribo da Sensibilidade é formada por pessoas sensíveis, solidárias, éticas, que apreciam a arte, a vida, a ecologia, e estão aí espalhadas por todo o planeta.
Um sentimento coletivo, mesmo que não verbalizado, ao invés de dominar o mundo, transforma-o pelo simples vínculo da contemplação.
Esta Tribo favorece um estar-juntos que não busca um objetivo a ser atingido, mas empenha-se, simplesmente, em cultivar aquilo chamado de "cuidado de si", que busca encontrar pessoas e partilhar com elas algumas emoções e sentimentos comuns.