"No entanto a fronteira entre deslumbramento e ingenuidade é, às vezes, muito fina..."
Há quem afirme que não existe nada de mais adulto nem mais sério que deslumbrar-se. Nós agimos de maneira infantil e ingénua quando confundimos o maravilhoso com o milagroso. O milagroso está, fundamentado na esperança de que qualquer coisa exterior a nós vai resolver todas as nossas dificuldades, através um golpe de varinha mágica, e, de facto, essa maneira afasta-nos dos nossos próprios recursos. A espera ilusória do milagroso é um signo infalível da ignorância do facto que em realidade tudo é maravilhoso. Ali mesmo, onde o maravilhoso cria um vínculo e enriquece a nossa vida, a ingenuidade induz a expetativa - a mesma do bebé que é preciso alimentar - e que pode desde logo levar a graves deceções. Deslumbrar-se, é simplesmente, deixar-se tocar pela beleza das coisas, sem nenhuma expetativa.
(...continua amanhã...)
Sem comentários:
Enviar um comentário