Não podemos viver de boa saúde sobre um planeta doente (David Servan-Shreiber 1961 – 2011)
O planeta não vai muito bem, logo, nós tampouco.
Michael Lerner, fundou no final dos anos setenta um centro de acompanhamento para pessoas que sofrem de cancro. É-lhes ensinado nutrição, Yoga, Tai-Qi Gong e sobretudo uma maior consciência do valor da sua própria vida para aprenderem a facilitar a sua cura. Mas, depois dos anos noventa, diante do afluxo de pessoas cada vez mais jovens - em que as doenças não podem à priori ser explicadas a não ser pela degradação ambiental -, Michael encontrou-se perante uma constatação assustadora: Não podemos viver de boa saúde sobre um planeta doente.
"Quando quisermos escolher uma só ação a favor do equilíbrio ecológico e da nossa saúde, é comermos menos carne."
Existem muitas maneiras que comprovam que a saúde do planeta e a saúde de cada um de nós estão intimamente ligadas. No entanto, se tivéssemos que escolher «uma» ação, aquela que teria o maior impacto sobre o equilíbrio ecológico, qual seria? Andar menos de automóvel? Fechar a torneira da água enquanto lavamos os dentes ou enquanto nos ensaboamos no duche? Comer apenas produtos biológicos? Fazer a triagem dos lixos domésticos? Não, seria simplesmente comer menos carne!
A considerar: 30% das terras aráveis do planeta são cultivadas para alimentar o gado que nós consumimos. Os adubos e os pesticidas utilizados para estas culturas de milho e de soja são uma das principais fontes de empobrecimento dos solos e de contaminação dos rios, ribeiros e lençóis freáticos. O gás com o respetivo efeito de estufa emitido pelo gado nos pastos contribuem enormemente para aquecimento global colocando-o mais acima que a própria indústria de transporte - o New York Times afirmou que se os Americanos reduzissem 20% o seu consumo de carne, isso equivaleria a substituir todos os automóveis do continente americano por modelos híbridos.
O Fundo mundial de investigação contra o cancro concluía em 2007, que o consumo médio de carne vermelha por pessoa não deveria exceder quinhentos gramas por semana. Na europa ocidental, recomendam o consumo máximo até aos duzentos e cinquenta gramas «diários» e França vai à frente nos países europeus. Um indiano consome uma média de 14 gramas por dia, e, com a mesma idade vive com melhor saúde que um ocidental (têm menos Alzheimers, cancros, doenças cardiovasculares). É fascinante constatar como tudo está conectado! E que a melhor coisa que possamos fazer pela Terra seja também uma das mais amplamente demonstradas para proteger a nossa saúde!
Em 1854, o chefe índio Seattle do nordeste entregou solenemente o seu território e o seu povo à soberania dos Estados Unidos. O discurso que ele pronunciou nessa ocasião serviu de inspiração um século mais tarde, ao movimento ecologista, que o reinterpretou de uma maneira particularmente chocante. O testamento do chefe Seattle é dirigido de maneira mais veemente do que nunca, aos descendentes dos colonos brancos que nós somos: «Ensinem aos vossos filhos o que nós ensinámos aos nossos, que a Terra é a nossa mãe. Tudo o que acontece
à Terra acontece aos filhos da Terra. Se os homens cospem no chão, eles fazem-no sobre eles próprios. A Terra não pertence ao homem; o homem pertence à Terra. Todas as coisas se mantêm umas às outras como o sangue que une uma mesma família. Tudo o que acontece à Terra acontece aos filhos da Terra.»
(inspirado e traduzido de um artigo de David Servan-Shreiber na revista PSYCOLOGIES)
A Carta do Índio Chefe Seattle, "Manifesto da Terra-Mãe", de 1854:
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