“A educação passa pelo conhecimento de si próprio.”(1) Jiddu Krishnamurti
A reflexão do filósofo Krishnamurti tem como meta dar às crianças (e não só...porque se calhar todos levamos dentro de nós uma criança de algum modo ferida...) uma oportunidade de crescer sem preconceitos que aprisionem a sua capacidade mental, a sua criatividade e a sua humanidade. Para ajudá-la a conseguir uma visão global da vida.
Para Jiddu Krishnamurti (1895-1986), a educação foi um dos principais temas de reflexão da sua vida. Nasceu no sul da Índia em Mandanapalle e faleceu nos USA. Durante perto de sessenta anos dedicou-se a viajar pelo mundo, a dar conferências públicas, dirigindo-se muitas vezes aos jovens e estudantes. Conseguiu de certo modo marcar várias gerações de pensadores reconhecidos internacionalmente na área da psicologia, filosofia e outras áreas ligadas ao ensino. Krishnamurti publicou mais de trinta obras literárias, e existem atualmente sete escolas representantes do seu legado no mundo. Ele não está relacionado com nenhuma religião, com nenhuma seita, a nenhuma filosofia e nem sequer a nenhuma nacionalidade. Isto porque os seus ensinamentos visam sobretudo, não a convencer as pessoas da sua própria visão, nem a procurar adeptos àquilo que ele apregoa, mas a despertar nas pessoas um processo de descoberta e de auto-observação. Todo o seu ensinamento consiste numa descrição daquilo que somos enquanto seres humanos. O seu objetivo é apenas o de libertar psicologicamente os indivíduos. Isto até parece uma meta muito simples e fácil de realizar, não fosse a necessidade humana de ter algum ganho secundário em manter-se preso ao conhecido: “Mais vale mau conhecido do que bom por conhecer!”
Luis Nduwumwami, professor de filosofia da educação e de antropologia cultural na universidade de Burundi, publicou uma tese de doutoramento sobre o conceito de educação segundo Krishnamurti. Este professor afirma que Krishnamurti não exigia a supressão da escola como a conhecemos, mas desejava a curto ou a longo prazo a desaparição do sistema educativo atual. Segundo ele, este sistema dá origem a jovens neuróticos e imaturos. Nomeadamente inculcando-lhes os germes corruptores da violência, divisões nacionais e religiosas. Não estamos a falar aqui apenas da Índia ou outros países orientais mas no mundo em geral. Este sistema contenta-se em transmitir uma herança cultural ou científica num ambiente muitas vezes forçado e autoritário. E espera dos seus alunos que sejam apenas uns bons memorizadores das matérias em que todos devem ter o mesmo objetivo a alcançar. Uma uniformidade demasiado pretensiosa e irrealista, já que, para alguns é demasiado elevada e para outros é insuficiente. A escola tradicional surge assim como uma máquina poderosa, condicionadora de comportamentos, castradora da originalidade, da espontaneidade e da liberdade através de um treino intensivo dirigido para o conformismo e a obediência servil. Ora, segundo Krishnamurti, a primeiríssima das tarefas, para o professor e para o aluno, é a recusa dos condicionamentos que transformam o Homem em autómato e prisioneiro do seu cérebro.